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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

††† Desalmada

 

No ar um cheiro de tinta
Como se fossem recém pintadas,
As paredes do quarto,
Me vestindo só de lençóis.
Na veste um rastro de sangue
Como se tivesse sido violentada,
Mas o semblante sereno flagra
Um misto prazer, um gozo gritante.
Brigo com meus olhos traiçoeiros
Que teimam em dormir sem te ver partir.
Arranco-os fora pra que os leve embora,
Não preciso de olhos pra sorrir.
Pra mim basta teu cheiro,
Tua fome de mim e uma certeza,
Que mesmo longe, distante esteja,
Faz tão próximos nossos instantes
Que sigo assim desalmada...
Por todos, muitos, desejada
E só por ti possuída.
Sigo com um gosto na vida:
Se morro um dia ou breve, morta esteja
Serei feliz na partida
Pois tive por ti segundos de insanidade
Que me levaram ao êxtase e a eternidade...


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